10.4.05

De boca e de vida


Perder-se em sua boca era tudo que queria. Quando ainda acreditava em amor.
Um dia sua boca se uniu à dele. Entregou-se inteira a ela - a boca dele. Um dia. Quando ainda acreditava em amor.
Hoje acredita nos dentes perpetuados em volta dos mamilos. Nas manchas de sangue no colchão. Na dor que se esconde na alma. No sorriso que não chega aos olhos. No corpo que entrega a quem der mais.
E na boca que se fechou para outras bocas.