11.12.04

Agora Cínica

Ergue um pouco a saia.
Ajeita a blusa pro ombro ficar à mostra.

Na bolsa, o necessário:
Batom, delineador, o velho pente desdentado,
Um OB para a emergência,
O celular descarregado
Em chamadas não atendidas.

Na cabeça leve demência
Estanca qualquer pensamento.

No coração a ausência
De antiga e remota repulsa.

É só ventre.
Este sim pulsa tomado pela urgência.

Respira fundo,
Ensaia,
Chacoalha as ancas,
Sorri.

De lirismo nem lembra mais.
Aprendeu a ser arguta.

Doravante só busca o prazer.
Desce a rua resoluta
e
Se ao voltar trouxer revide
Terá sido absoluta.



Adélia Theresa Campos
10/12/04