17.6.04

Amor solitário

Sinto-te em mim. O desejo modela teu corpo na minha saudade atemporal. Cubro-me com os beijos que tua boca me negou. Meus braços se movem num abraço que me circunda. Sinto-me aos poucos. Meus sentidos brilham intensamente nas entrelinhas da realidade. Trago-te para mim.Tenho-te novamente. Entrego-me à tua lembrança e sou carinhos que percorrem fios e umidades. Minhas mãos, amante lésbica, deslizam pela pele sedenta. Deixo-me moldar por dedos ávidos que passeiam doidamente por meu corpo. Sinto a suavidade quente da tua língua descobrindo as minhas cavidades. Redescubro o teu prazer. Desmancho-me em líquidos e a vida volta a me preencher. Estou viva. Já posso chorar.