16.6.04

Tempo de viver

Aconteceu de repente. Uma pétala caiu sobre sua cabeça. Vermelha. Viva. Risonha. Voltou no tempo e viu-se sentada à mesa. Uma alegre mancha rubra se espalhando pela toalha branca. À sua frente, olhos castanhos e brilhantes lhe sorriam. Era dia de despedida. Mas era despedida feliz. Ele conseguira a bolsa e rumaria pra realizar seu sonho. Comemoravam a alegria dele. A saudade dela ficaria pra depois. Foi a última vez que o viu sorrindo. Foi a última lembrança dos olhos felizes. No reencontro, os olhos estavam fechados. Uma rosa vermelha de pétalas aveludadas fora seu último presente ao amor que partia. Da rosa, restava uma pétala dentro do livro de Drummond. Dele, restavam as lembranças de um amor que se eternizara. Ainda havia dor. Mas as flores continuavam a sorrir em seu jardim. Outra rosa de pétalas vermelhas nascera. E uma nova pétala seria juntada à outra. A vida se anunciava. Era tempo de abraçá-la.