Deserto
Seu pranto secou. As lágrimas são apenas de si mesmo.
O vento fustiga-lhe o rosto ressequido.
O sol queima-lhe a cabeça descoberta.
E as lágrimas? continuam sendo apenas suas.
Olha a estrada se encompridando e a fome faz doer sua memória.
Mas as lágrimas? ainda são só suas.
Os pés sangram sobre as pedras, as mãos se dobram ao peso das tralhas.
Mas as lágrimas? já não se lembra de cor eram elas.
Sua cabeça pende entre as pernas.
Mas as lágrimas? que lágrimas?